quarta-feira, 16 de maio de 2007

O desejo de ser Virtual



Alguma metrópole, um homem e muita tecnologia. Esses são os três ingredientes mais importantes que, juntos, estão fazendo com que a humanidade passe a respirar cada vez mais bytes. E aí nos questionamos: quem está regendo este mundo? Nós ou as máquinas?
Entra-se em um carro equipado com DVD, conecta um celular que bate foto de até dois megapixels ao bluetooth, checa os e-mails, faz negócios e, se sobrar tempo, manda uma mensagem de texto para o filho que está indo rumo ao seu primeiro dia de aula na escola. Ao chegarmos a nosso destino, checaremos mais e-mails e fecharemos mais negócios, tudo através da tecnologia. Enquanto estamos presos a engarrafamentos quilométricos, nos desligamos do mundo e acessamos nossa humanidade virtual, como uma espécie de fuga insensata, onde certamente, nossos computadores não são os maiores companheiros.
Não é que a tecnologia seja uma má idéia, afinal, ainda estaríamos nos comunicando por cartas que demorariam meses para serem respondidas caso o homem não tivesse inventado a internet. Acontece que talvez nós mesmos, que trouxemos ao mundo todos esses mimos que consomem paciência e energia elétrica, não saibamos controlá-los. A presença de tantas máquinas em nossas vidas interfere profundamente com o contato humano e, dessa forma, perdemos nossa essência de seres pensantes e biológicos e viramos apenas meros servos de nossa criação.
Este ser real já possui inúmeros problemas para se preocupar. Temos nossa família, negócios, carreira, amigos e inimigos. Então, o ser virtual aparece para nos trazer mais dor de cabeça, que consome outra boa parcela da força vital que podemos oferecer, desperdiçando tal força em algo que não te trará conforto espiritual nenhum.
As máquinas vieram com a máxima de que iriam facilitar nossa vida, nos dar mais tempo para realizarmos aquilo que realmente gostamos de fazer. Entretanto, com o passar do tempo, tais máquinas se tornaram tão atrativas que aquilo que gostamos de fazer está exatamente nelas. Começou com um simples jogo de baralho que podíamos aproveitar enquanto esperávamos o fim da impressão de algum trabalho. Logo depois os jogos foram multiplicando-se. Um pouco depois surgiu a internet. A partir daí pudemos jogar e visitar vários sites ao mesmo tempo. Logo passamos a baixar músicas, gravando em algum mp3 e então jogávamos, visitávamos páginas da internet e ouvíamos música, tudo ao mesmo tempo. E tudo isso foi evoluindo, ao ponto de nos fazer cada vez mais escravos dependentes de toda aquela parafernália.
Nosso alívio é saber que as máquinas nunca terão pleno poder de nos substituir pelo simples fato de que uma das nossas tarefas nesse planeta é sermos humanos. Nascer, respirar, conviver, sentir. Essas são ações que não possuem qualquer possibilidade de transcenderem o mundo real e passarem ao mundo virtual. Em uma visão holística, as maquinas representam a soma de suas partes e as partes são realizadas por aqueles que a criaram. O computador representa apenas a extensão de nosso cérebro, e não o nosso cérebro em si. Naquele, as reações estão limitadas por nós, os criadores. Já neste, não há limitações, pois o cérebro é uma ferramenta bem mais complexa do que somente aquilo que podemos imaginar. Mas isso não é suficiente para nos deixar tranqüilos de que nunca perderemos nosso status. Entendermos que somos perecíveis e sujeito a falhas nos faz ter uma noção mais cautelosa em relação às maquinas. Para que ela não nos domine necessitamos de uma preparação, um processo que já vem caminhando e que tem como objetivo a subordinação das mesmas em relação a toda a grandiosidade que nós, como seres orgânicos, possuímos. É preciso organizar a trindade baseada em: Realidade – Virtualidade – Espiritualidade. Assim alcançaremos o ápice de nossa sapiência. Esse é nosso destino enquanto seres reais.