sexta-feira, 14 de setembro de 2007




Artigo produzido para a Cadeira de Direito Penal I. O que tem a ver? O Direito penal tem o seu poder no Estado, mas fica a dúvida, quem é maior? O Estado ou as megalomaníacas empresas capitalistas?




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Sexta-feira de Marlboro




Antes de começar a explanação sobre o evento conhecido como Sexta-feira de Marlboro é necessário conhecer aquela que foi a responsável por isso.
A Philip Morris International é, atualmente, uma das maiores empresas de tabaco do mundo. As grandes marcas de cigarro comercializadas hoje pertencem a esta empresa, que é sediada em Lausanne, Suíça. Tais marcas são produzidas em mais de 50 fábricas ao redor do mundo e vendidas em mais de 160 países. Criada no século XIX, hoje ela emprega mais de 80 mil pessoas. São milhares de homens e mulheres que, muitas vezes, não possuem uma opção melhor de trabalho.
Através de uma publicidade hipócrita que se preocupa com o consumo de cigarro, mas que, na verdade, alimenta cada vez mais esse anseio pelo fumo, a Philip Morris lucra incessantemente.

Esta empresa, no dia 2 de abril de 1993, abalou as ações de grandes marcas americanas, e provocou uma crise no sistema publicitário. Tudo começou quando a Philip Morris resolveu baixar o preço dos cigarros Marlboro em 20%, afim de, assim, passar a competir com as marcas mais baratas existentes no mercado. Essa queda de preços passou a representar a nova posição que a sociedade vinha tomando. O público passava a ver as propagandas e não se importava mais em consumir aquilo que era vendido pelas campanhas, preferindo aquilo que era mais barato. A Philip Morris investiu mais de um bilhão de dólares na montagem e fixação da marca “Marlboro” e, naquele instante, a mesma marca que momentos antes possuía uma grande prestígio, passou a não representar mais nada. A Campanha publicitária de maior duração na história havia ruído.
Algumas empresas não sofreram nem mesmo um arranhão com toda essa crise, como a Nike e a Calvin Klein, porque suas marcas não estavam individualizadas, mas elas representavam algo mais. Usar um jeans da Calvin Klein não era apenas vestir uma roupa de marca, simbolizava algo bem maior. Calvin Klein passava estilo, glamour, classe, elegância e jovialidade aos seus consumidores.
A partir daí, as grandes empresas publicitárias vieram a apostar em marcas que vendessem algo mais do que os seus produtos. Marcas que vendessem alegria, prazer, satisfação. Comprar um carro da Ford passou a ser algo muito mais valioso, já que, com tal carro, a felicidade vinha junto. Essa é a idéia vigente até hoje no meio publicitário, agregar valores aos produtos. As marcas passaram a não mais representar seus produtos, mas a serem famosas apenas por serem tais marcas. Tommy Hilfiger não é bastante consumido somente porque suas camisetas são bonitas e confortáveis(até porque não o são nem um nem outro), mas porque esta marca, atualmente, possui um grande valor na sociedade.
E assim caminha a humanidade, vivendo uma eterna falsidade. Vendendo aquilo que nunca estará nas vitrines: o verdadeiro amor. Se preocupando apenas com o luxo e o prazer, esquecendo de construir um bom caminho como ser humano. Esquivando-se das palavras do Mestre: “Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo.”.