segunda-feira, 26 de novembro de 2007

domingo, 25 de novembro de 2007


Yann Tiersen. Eis o artista que me eleva, me inspira, me faz ver que algo novo ainda pode ser criado. Vanguardista até os pés. Diferente. Exótico. Francês.


Ouvir suas músicas me deixa pensativo, triste, romântico. Fecho meus olhos e até consigo sentir o perfume parisiense, me imagino com uma boina, curtindo um frio, avistando os Champs-Elysées. Nunca estive tampouco na França, mas certamente a sensação não haveria de ser outra.


Ainda há genialidade no mundo, e isso me deixa tranquilizado. Habemus sperare!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007




Artigo produzido para a Cadeira de Direito Penal I. O que tem a ver? O Direito penal tem o seu poder no Estado, mas fica a dúvida, quem é maior? O Estado ou as megalomaníacas empresas capitalistas?




-




Sexta-feira de Marlboro




Antes de começar a explanação sobre o evento conhecido como Sexta-feira de Marlboro é necessário conhecer aquela que foi a responsável por isso.
A Philip Morris International é, atualmente, uma das maiores empresas de tabaco do mundo. As grandes marcas de cigarro comercializadas hoje pertencem a esta empresa, que é sediada em Lausanne, Suíça. Tais marcas são produzidas em mais de 50 fábricas ao redor do mundo e vendidas em mais de 160 países. Criada no século XIX, hoje ela emprega mais de 80 mil pessoas. São milhares de homens e mulheres que, muitas vezes, não possuem uma opção melhor de trabalho.
Através de uma publicidade hipócrita que se preocupa com o consumo de cigarro, mas que, na verdade, alimenta cada vez mais esse anseio pelo fumo, a Philip Morris lucra incessantemente.

Esta empresa, no dia 2 de abril de 1993, abalou as ações de grandes marcas americanas, e provocou uma crise no sistema publicitário. Tudo começou quando a Philip Morris resolveu baixar o preço dos cigarros Marlboro em 20%, afim de, assim, passar a competir com as marcas mais baratas existentes no mercado. Essa queda de preços passou a representar a nova posição que a sociedade vinha tomando. O público passava a ver as propagandas e não se importava mais em consumir aquilo que era vendido pelas campanhas, preferindo aquilo que era mais barato. A Philip Morris investiu mais de um bilhão de dólares na montagem e fixação da marca “Marlboro” e, naquele instante, a mesma marca que momentos antes possuía uma grande prestígio, passou a não representar mais nada. A Campanha publicitária de maior duração na história havia ruído.
Algumas empresas não sofreram nem mesmo um arranhão com toda essa crise, como a Nike e a Calvin Klein, porque suas marcas não estavam individualizadas, mas elas representavam algo mais. Usar um jeans da Calvin Klein não era apenas vestir uma roupa de marca, simbolizava algo bem maior. Calvin Klein passava estilo, glamour, classe, elegância e jovialidade aos seus consumidores.
A partir daí, as grandes empresas publicitárias vieram a apostar em marcas que vendessem algo mais do que os seus produtos. Marcas que vendessem alegria, prazer, satisfação. Comprar um carro da Ford passou a ser algo muito mais valioso, já que, com tal carro, a felicidade vinha junto. Essa é a idéia vigente até hoje no meio publicitário, agregar valores aos produtos. As marcas passaram a não mais representar seus produtos, mas a serem famosas apenas por serem tais marcas. Tommy Hilfiger não é bastante consumido somente porque suas camisetas são bonitas e confortáveis(até porque não o são nem um nem outro), mas porque esta marca, atualmente, possui um grande valor na sociedade.
E assim caminha a humanidade, vivendo uma eterna falsidade. Vendendo aquilo que nunca estará nas vitrines: o verdadeiro amor. Se preocupando apenas com o luxo e o prazer, esquecendo de construir um bom caminho como ser humano. Esquivando-se das palavras do Mestre: “Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo.”.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Pelo ar flutuei,
Passeando por entre as nuvens.
Por todos os países minha mente esteve.
Diante de vales eu orei,
Chamando o teu nome.

Pelo ar flutuei,
Passeando por entre as nuvens.
Tentando encontrar palavras.
E tudo que tentei dizer
Era vago diante do teu amor.

Tudo que eu carregava
Por anos e anos
Desfez-se rapidamente,
E então pude ver
Que minha vida é a sua.

Sinto o ar que tu criaste
E contemplo as nuvens do céu,
Vejo homens te adorando
Em vales e montanhas
E junto a eles eu me prostro.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

[Parte 2] Agora encontrava-se no escuro. Travava conversas nonsenses consigo mesmo. Ali era um momento de refletir sobre o dia, sobre as pessoas, sobre a vontade de sumir. Encarar os fatos da maneira mais simples: fugindo. Dar as costas para todos aqueles problemas que, de forma repentina, apareceram e, como se fossem câncer, não queriam partir, não aceitavam deixar aquele corpo que antes vivia um belo sonho juvenil. E assim persistiam. Gustavo até já havia se acostumado com toda aquela situação. À noite, em seu quarto, apagava a luz e apenas refletia. Talvez pensara até em maneiras para cometer suicídio de forma menos dolorosa, ficava imaginando quantas pessoas iriam chorar sua morte, quantas dariam uma breve passada no velório, quantas ririam. No fundo Gustavo sabia que não seria capaz de tanto, mas gostava de martirizar-se. Suas divagações foram interrompidas, guardando-as para si, quando, inesperadamente, viu a porta do seu quarto ser aberta.

sábado, 25 de agosto de 2007

[Parte 1] Gustavo revirava-se na cama. Acostumara-se com aquela situação incômoda, afinal, iriam fazer quase duas semanas que, toda noite, o sono o trapaceava, deixando-o sozinho em pensamentos que sua cabeça de pouca idade talvez não conseguisse suportar. Deitava, lia, ou apenas folheava algum livro da biblioteca do avô, que restara como uma espécie de herança deixada pelo homem patife que partira à encontrar a tão sonhada e vingativa paz eterna(pelo menos sua biblioteca valia algo), guardava o livro na mesinha ao lado de sua cama e, quase que com o mesmo gesto, apagava a pequena luminária, arquitetadamente colocada próxima ao seu “lugar de ler”. Gustavo deu tal nome a esse lugar já quando virara adolescente, quando se vira apaixonado por livros, quando algo precisava suprir o vazio dos poucos diálogos que travava ao longo do dia e as poucas relações que possuía.

sexta-feira, 22 de junho de 2007


O que falta aos olhos de todos é a percepção detalhista do Todo. A observação do constante, daquilo que nunca muda. Quer ver? Faça um teste. Amanhã, ou depois, dependendo da sua disposição em tornar o Simples diferente, ande pela rua como se nunca tivesse visto asfalto. Pessoas? Você nunca as viu e tampouco sabe defini-las. Olhe para os gigantescos prédios ao redor. Tente imaginá-los de outro ângulo (veja-os de cima, por exemplo). O carrinho de pipoca deve virar uma nave intergaláctica ou uma mão amarela e grande. Você não está usando seus pés. Apenas desliza, sinta cada coisa, perceba as cores de tudo. Talvez o céu fique cinza-chumbo ou vermelho-pitanga. Sente na praça menos movimentada. Observe as ações, os gestos, os toques, os sentimentos. Entre nos olhos de todos, sem bater. O olho transmite-nos uma infinidade de possibilidades. Tente imaginar o que se passa ali. Perceberá que inconscientemente esboçará um leve sorriso, ou um pequeno desprezo. Não se assuste, acontece com todo mundo que tenta fugir do igual.
Experimente isso uma vez. Se gostar, faça de novo. Crie o hábito de não aceitar as coisas apenas como elas são. Defina-as como você queira. A autonomia é o que faz um João se tornar Glauberton da Silva. Use-a sem pudor. Triângulo? Três lados e três ângulos. Isso é o que dizem, mas você prefere assim? Triângulo é som de caboclo, instrumento de corte, vara de pescar, anel pra caçar estrelas e dar à amada ou piso de burguês.
A profissão de fé do cronista é sentir o mundo da sua maneira. É sentir tudo isso. Céu vermelho-pitanga, triângulo sonoro, mão amarela. É fugir de si e encontrar-se no universo. Abraçar o pó e dele fazer serenata literária. Experimenta.

quinta-feira, 21 de junho de 2007




Sapato ao encontro do chão. Repetidas vezes. Seguindo o ritmo.
Tamanco ao encontro do chão. Repetidas vezes. Tentando seguir o ritmo.
Quadril balançando. Uma dança dentro do corpo.
Mão no bolso. Seguindo o ritmo, um bem tímido.
Cabeça em movimentos leves. Pra frente, pra trás.

E assim todos ficaram envolvidos com o som daquela banda. As raízes do interior, que, querendo ou não, possuíam.


Do sujeito mais sério à secretária extrovertida. Talvez aquele tenha sido o único momento do dia onde essas pessoas puderam extravasar, sentir-se vivas, balançar-se. Não houve quem os criticasse, afinal, todos entendiam aquele filme, entendiam o que estava acontecendo naquele lugar.
Adoro essa época do ano. São João. Não que eu me encante com a fogueira ou as comidas típicas. Pelo contrário, pé-de-moleque pra mim é pedofilia. Mas essa época serve como uma revolta silenciosa. Uma vitória sobre a pobreza dos gostos alheios. É uma forma de mostrar que o forró da nossa ascendência prevalece, e assim continuará, sobre o cuspe que o Ceará gerou: o forró eletrônico.
Letras imundas, pífias, sem a menor melodia ou poesia. Assim é como encaro o forró criado nessa última década. E não venham com argumentos contrários, pois a dialética não deve ser usada em temas vãos. Uma indústria que alimenta meia dúzia de empresários às custas do atrofiamento cultural de nosso povo. Cultura esta que poucos trataram de alavancar.
A sorte é que em nossas veias ainda corre a figura do sertanejo com a sua sanfona. Nossos ouvidos, mesmo sem querer, ainda escutam a bela melodia proveniente do triângulo. Nossa orquestra modesta e majestosa ainda toca, incansavelmente, harmoniosos sons aos nossos corações. E aí, balançamos nossos pés e mãos. Percebemos como nossa música é forte e persistente. Damos um suspiro de alívio.

Viva o forró da origem,
viva o pé-de-serra,
viva Luiz Gonzaga,
viva Sivuca
viva o ritmo inconsciente do nordestino em contraposição ao ritmo inconseqüente do Felipão.



-



“Jesus abençoou com sua Mão Divina,
pra não morrer de saudade vou voltar pra Petrolina...
Petrolina... Juazeiro
Juazeiro... Petrolina ”

(Petrolina Juazeiro - Almir Rouche)

quarta-feira, 16 de maio de 2007

O desejo de ser Virtual



Alguma metrópole, um homem e muita tecnologia. Esses são os três ingredientes mais importantes que, juntos, estão fazendo com que a humanidade passe a respirar cada vez mais bytes. E aí nos questionamos: quem está regendo este mundo? Nós ou as máquinas?
Entra-se em um carro equipado com DVD, conecta um celular que bate foto de até dois megapixels ao bluetooth, checa os e-mails, faz negócios e, se sobrar tempo, manda uma mensagem de texto para o filho que está indo rumo ao seu primeiro dia de aula na escola. Ao chegarmos a nosso destino, checaremos mais e-mails e fecharemos mais negócios, tudo através da tecnologia. Enquanto estamos presos a engarrafamentos quilométricos, nos desligamos do mundo e acessamos nossa humanidade virtual, como uma espécie de fuga insensata, onde certamente, nossos computadores não são os maiores companheiros.
Não é que a tecnologia seja uma má idéia, afinal, ainda estaríamos nos comunicando por cartas que demorariam meses para serem respondidas caso o homem não tivesse inventado a internet. Acontece que talvez nós mesmos, que trouxemos ao mundo todos esses mimos que consomem paciência e energia elétrica, não saibamos controlá-los. A presença de tantas máquinas em nossas vidas interfere profundamente com o contato humano e, dessa forma, perdemos nossa essência de seres pensantes e biológicos e viramos apenas meros servos de nossa criação.
Este ser real já possui inúmeros problemas para se preocupar. Temos nossa família, negócios, carreira, amigos e inimigos. Então, o ser virtual aparece para nos trazer mais dor de cabeça, que consome outra boa parcela da força vital que podemos oferecer, desperdiçando tal força em algo que não te trará conforto espiritual nenhum.
As máquinas vieram com a máxima de que iriam facilitar nossa vida, nos dar mais tempo para realizarmos aquilo que realmente gostamos de fazer. Entretanto, com o passar do tempo, tais máquinas se tornaram tão atrativas que aquilo que gostamos de fazer está exatamente nelas. Começou com um simples jogo de baralho que podíamos aproveitar enquanto esperávamos o fim da impressão de algum trabalho. Logo depois os jogos foram multiplicando-se. Um pouco depois surgiu a internet. A partir daí pudemos jogar e visitar vários sites ao mesmo tempo. Logo passamos a baixar músicas, gravando em algum mp3 e então jogávamos, visitávamos páginas da internet e ouvíamos música, tudo ao mesmo tempo. E tudo isso foi evoluindo, ao ponto de nos fazer cada vez mais escravos dependentes de toda aquela parafernália.
Nosso alívio é saber que as máquinas nunca terão pleno poder de nos substituir pelo simples fato de que uma das nossas tarefas nesse planeta é sermos humanos. Nascer, respirar, conviver, sentir. Essas são ações que não possuem qualquer possibilidade de transcenderem o mundo real e passarem ao mundo virtual. Em uma visão holística, as maquinas representam a soma de suas partes e as partes são realizadas por aqueles que a criaram. O computador representa apenas a extensão de nosso cérebro, e não o nosso cérebro em si. Naquele, as reações estão limitadas por nós, os criadores. Já neste, não há limitações, pois o cérebro é uma ferramenta bem mais complexa do que somente aquilo que podemos imaginar. Mas isso não é suficiente para nos deixar tranqüilos de que nunca perderemos nosso status. Entendermos que somos perecíveis e sujeito a falhas nos faz ter uma noção mais cautelosa em relação às maquinas. Para que ela não nos domine necessitamos de uma preparação, um processo que já vem caminhando e que tem como objetivo a subordinação das mesmas em relação a toda a grandiosidade que nós, como seres orgânicos, possuímos. É preciso organizar a trindade baseada em: Realidade – Virtualidade – Espiritualidade. Assim alcançaremos o ápice de nossa sapiência. Esse é nosso destino enquanto seres reais.