quinta-feira, 21 de junho de 2007




Sapato ao encontro do chão. Repetidas vezes. Seguindo o ritmo.
Tamanco ao encontro do chão. Repetidas vezes. Tentando seguir o ritmo.
Quadril balançando. Uma dança dentro do corpo.
Mão no bolso. Seguindo o ritmo, um bem tímido.
Cabeça em movimentos leves. Pra frente, pra trás.

E assim todos ficaram envolvidos com o som daquela banda. As raízes do interior, que, querendo ou não, possuíam.


Do sujeito mais sério à secretária extrovertida. Talvez aquele tenha sido o único momento do dia onde essas pessoas puderam extravasar, sentir-se vivas, balançar-se. Não houve quem os criticasse, afinal, todos entendiam aquele filme, entendiam o que estava acontecendo naquele lugar.
Adoro essa época do ano. São João. Não que eu me encante com a fogueira ou as comidas típicas. Pelo contrário, pé-de-moleque pra mim é pedofilia. Mas essa época serve como uma revolta silenciosa. Uma vitória sobre a pobreza dos gostos alheios. É uma forma de mostrar que o forró da nossa ascendência prevalece, e assim continuará, sobre o cuspe que o Ceará gerou: o forró eletrônico.
Letras imundas, pífias, sem a menor melodia ou poesia. Assim é como encaro o forró criado nessa última década. E não venham com argumentos contrários, pois a dialética não deve ser usada em temas vãos. Uma indústria que alimenta meia dúzia de empresários às custas do atrofiamento cultural de nosso povo. Cultura esta que poucos trataram de alavancar.
A sorte é que em nossas veias ainda corre a figura do sertanejo com a sua sanfona. Nossos ouvidos, mesmo sem querer, ainda escutam a bela melodia proveniente do triângulo. Nossa orquestra modesta e majestosa ainda toca, incansavelmente, harmoniosos sons aos nossos corações. E aí, balançamos nossos pés e mãos. Percebemos como nossa música é forte e persistente. Damos um suspiro de alívio.

Viva o forró da origem,
viva o pé-de-serra,
viva Luiz Gonzaga,
viva Sivuca
viva o ritmo inconsciente do nordestino em contraposição ao ritmo inconseqüente do Felipão.



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“Jesus abençoou com sua Mão Divina,
pra não morrer de saudade vou voltar pra Petrolina...
Petrolina... Juazeiro
Juazeiro... Petrolina ”

(Petrolina Juazeiro - Almir Rouche)

2 comentários:

Thiliê Mota Aragão disse...

tu e esses textos..
=D~
ei amigo..
add a amiga please!
bju

Anônimo disse...

Amor...tu sabe que tu tem que publicar essa crônica num sabe?
Caramba amei...o tipo do texto que flui pra caramba..que qdo vc vê, acabou!=]]
Amei, amei, de verdade!:)
Parabéns,amor!Tu tá quase um Airton Monte da vida.
Hehehe.
Te amo!
:*