sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Pelo ar flutuei,
Passeando por entre as nuvens.
Por todos os países minha mente esteve.
Diante de vales eu orei,
Chamando o teu nome.

Pelo ar flutuei,
Passeando por entre as nuvens.
Tentando encontrar palavras.
E tudo que tentei dizer
Era vago diante do teu amor.

Tudo que eu carregava
Por anos e anos
Desfez-se rapidamente,
E então pude ver
Que minha vida é a sua.

Sinto o ar que tu criaste
E contemplo as nuvens do céu,
Vejo homens te adorando
Em vales e montanhas
E junto a eles eu me prostro.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

[Parte 2] Agora encontrava-se no escuro. Travava conversas nonsenses consigo mesmo. Ali era um momento de refletir sobre o dia, sobre as pessoas, sobre a vontade de sumir. Encarar os fatos da maneira mais simples: fugindo. Dar as costas para todos aqueles problemas que, de forma repentina, apareceram e, como se fossem câncer, não queriam partir, não aceitavam deixar aquele corpo que antes vivia um belo sonho juvenil. E assim persistiam. Gustavo até já havia se acostumado com toda aquela situação. À noite, em seu quarto, apagava a luz e apenas refletia. Talvez pensara até em maneiras para cometer suicídio de forma menos dolorosa, ficava imaginando quantas pessoas iriam chorar sua morte, quantas dariam uma breve passada no velório, quantas ririam. No fundo Gustavo sabia que não seria capaz de tanto, mas gostava de martirizar-se. Suas divagações foram interrompidas, guardando-as para si, quando, inesperadamente, viu a porta do seu quarto ser aberta.

sábado, 25 de agosto de 2007

[Parte 1] Gustavo revirava-se na cama. Acostumara-se com aquela situação incômoda, afinal, iriam fazer quase duas semanas que, toda noite, o sono o trapaceava, deixando-o sozinho em pensamentos que sua cabeça de pouca idade talvez não conseguisse suportar. Deitava, lia, ou apenas folheava algum livro da biblioteca do avô, que restara como uma espécie de herança deixada pelo homem patife que partira à encontrar a tão sonhada e vingativa paz eterna(pelo menos sua biblioteca valia algo), guardava o livro na mesinha ao lado de sua cama e, quase que com o mesmo gesto, apagava a pequena luminária, arquitetadamente colocada próxima ao seu “lugar de ler”. Gustavo deu tal nome a esse lugar já quando virara adolescente, quando se vira apaixonado por livros, quando algo precisava suprir o vazio dos poucos diálogos que travava ao longo do dia e as poucas relações que possuía.