sábado, 25 de agosto de 2007

[Parte 1] Gustavo revirava-se na cama. Acostumara-se com aquela situação incômoda, afinal, iriam fazer quase duas semanas que, toda noite, o sono o trapaceava, deixando-o sozinho em pensamentos que sua cabeça de pouca idade talvez não conseguisse suportar. Deitava, lia, ou apenas folheava algum livro da biblioteca do avô, que restara como uma espécie de herança deixada pelo homem patife que partira à encontrar a tão sonhada e vingativa paz eterna(pelo menos sua biblioteca valia algo), guardava o livro na mesinha ao lado de sua cama e, quase que com o mesmo gesto, apagava a pequena luminária, arquitetadamente colocada próxima ao seu “lugar de ler”. Gustavo deu tal nome a esse lugar já quando virara adolescente, quando se vira apaixonado por livros, quando algo precisava suprir o vazio dos poucos diálogos que travava ao longo do dia e as poucas relações que possuía.

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