terça-feira, 7 de outubro de 2008

Quem diria... Hoje tenho mais certeza daquela velha expressão: "A arte imita a vida e a vida imita a arte". "O Mark faz é se esconder", diz o roteiro de Rent. Pois tenho a impressão de que, seguindo a mesma lógica, o Júlio faz é se esconder através do Mark. Há alguns dias notei como é bom viver camuflado, viver a vida de outra pessoa, mesmo que essa vida seja apenas uma mera ficção. O Mark tem suas dores mas eu não as sinto tão profundamente, afinal, só preciso encará-las durante duas horas por dia. Ele também sonha, ama, chora, brinca, magoa e é magoado mas eu já sei o caminho e o futuro disso tudo, basta ler o roteiro, decorar as falas, que no final o autor sempre dá um jeitinho de ficar tudo bem. Já com o Júlio a coisa é diferente. Ele não sabe o que fazer, na maioria das vezes. Ele é tão indeciso, tão superficial pra tantas coisas. As suas dores são sentidas segundo à segundo, gota à gota. E não há como fugir. Ele até tenta não encará-las, fingir que tais dores não existem(principalmente quando ele não é mais o Júlio, e sim o Mark) mas depois tudo volta ao normal e, talvez, com mais força. Ah... o Júlio não veio com um roteiro, seu Autor ainda escreve cada palavra, desfrutando do prazer da auto-determinação. Não sei dizer as palavras certas, não sei como vai terminar minha vida nem esse texto. Que frustrante!

[Vejam só
Que história boba eu tenho pra contar
Quem é que vai querer acreditar
Eu sou palhaço sem querer

Vejam só
Que coisa incrível o meu coração
Todo pintado nessa solidão
Espera a hora de sonhar
Ah, o mundo sempre foi
Um circo sem igual
Onde todos representam o bem e o mal
Onde a farsa de um palhaço é natural

Ah, no palco da ilusão
Pintei meu coração
Entreguei o amor e o sonho sem saber
Que o palhaço pinta o rosto pra viver
...]

Sonhos de um palhaço - Antônio Marcos

6 comentários:

Karla Brito disse...

acho que o grande desafio da vida eh escrever nossos roteiros da forma em que nos orgulhemos depois,ou agora mesmo. Fazer o que se acha digno, o que nos faca feliz...
mas quando nao se sabe o que fazer? a gente vai rindo, enganando a tristeza e tudo vai se encaixando... como um palhaco.

Wânyffer Monteiro disse...

Usamos narizes de palhaço constantemente para fingir ser outrem, mas esquecemos que Clark Kent não existe e que, ao contrário dele, não conseguimos nos camuflar atrás de um simples adereço no rosto.
Vc é agora um ator. O q mais é um ator além de um Kent cheio de facetas ininteligíveis. Em uma, a que ele quer acreditar, ele é o Clark doce, tímido e adorado por todos que tem uma vida pacata ao lado dos pais em um jornal de uma pequena cidade; na outra ele é o Super-man. O mais forte e mais indestrutível super-herói que já existiu. Aquele que ele tem que vestir uma fantasia para virar e quem ele realmente gosta de ser; a terceira, que sempre esquecemos, é a que ele realmente é: Kal-el. Um alienígena que não pode indentificar-se como tal por ser diferente demais para 100% dos terráqueos.
Assim somos. Assim vc é. Assim é o Mark, meu querido.
No fundo, eu tb me escondo atrás da Maureen e é por ser uma alienígena que mais de 50% das pessoas diz 'pfff' 'afff, wan' 'vc n pode ser assim' 'seja de tal jeito'............
As pessoas nos querem para ser os sorridentes, tímidos e fofos Kents. Eu prefiro ser Kal-el.

Wânyffer Monteiro disse...

acho q postarei esse me comment no blog HAOISUAHOSIUA

Camiℓa Marceℓo disse...

às vezes é mais fácil interpretar, criar máscaras, já que estas podemos controlar, direcionar. A nós nos resta apenas sermos meros espectadores que assistimos a inéditas cenas de nossa própria vida.

Anônimo disse...

amei. Acho q vc está entendendo o q Deus está querendo te mostrar.... ;)

te amo em qualquer circunstância

Ícaro Sammpaio disse...

Ser um personagem é um lugar perfeito para refurgiar-se. É como se dentro desses personagens fossemos - e na realidade somos - os protagonistas da história.
Mas não podemos esquecer de exteriorizar esse protagonista, pois acabaremos como meros espectadores da vida.
Sejamos sempre nós mesmos.